Neruda ao escrever o texto abaixo, creio, que ele pensou nas tantas despedidas dos amores que viveu...
E, creio, que seja assim mesmo. É uma via de mão dupla, porém, os poucos sabem entender que é necessário tais caminhos.
Em outrora levei um olhar que ficou tão longe a ponto de não lembrar a cor daqueles olhos que se foi. O coração disse adeus por que um coração, ainda criança, me disse também adeus.
A caminhada foi necessária e a curva na rota por onde o amor passou não se faz mais necessária.
Idos tempos e vindos os mesmos, o doce pronome de posse "meu" se renova e traz junto um anjo do riso fácil e largo.
Que este poema de Neruda, não aplique-se mais, assim desejo.
REALidades versus imaginações... fluir em prol e assim caminhando pelo novo campo e que ele fique assim por um longo tempo até..., e sua revelação seja, sim, feita com carinho e pés no chão.
O sofrimento não me caberá mais e sim o amor maduro. DM ;)
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Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
Pablo Neruda
FONTE: http://pensador.uol.com.br/poemas_de_casamento/
O amor maduro não é menor em intensidade.
Ele é apenas quase silencioso. Não é menor em extensão.
É mais definido, colorido e poetizado.
Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências significantes.
O amor maduro somente aceita viver os problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o prazer.
Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco.
Não precisa nem quer nada do muito.
Está relacionado com a vida e a sua incompletude, por isso é pleno em cada ninharia por ele transformada em paraíso.
É feito de compreensão, música e mistério.
É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de ser sublime e criança.
O amor maduro não disputa, não cobra, pouco pergunta, menos quer saber. Teme, sim. Porém, não faz do temor, argumento.
Basta-se com a própria existência.
Alimenta-se do instante presente valorizado e importante porque redentor de todos os equívocos do passado.
O amor maduro é a regeneração de cada erro.
Ele é filho da capacidade de crer e continuar, é o sentimento que se manteve mais forte depois de todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de ciúme.
O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a parte salva de cada pessoa.
Ele vive do que não morreu mesmo tendo ficado para depois.
Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos antigos, jardins abandonados cheios de sementes.
Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue.
Não persegue, recebe.
Não exige, dá. Não pergunta, adivinha.
Existe, para fazer feliz.
Só teme o que cansa, machuca ou desgasta.
Artur da Távola
FONTE: http://pensador.uol.com.br/frase/NjY5NjYw/